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domingo, 5 de junho de 2011
A nefasta interferência partidária - texto retirado do BLOG DO JORNALISTA MOACIR PEREIRA - SC
5 de junho de 2011
A comunidade também tem é culpada por este desastre.
Quantos pais de alunos participam de reuniões convocadas pelos diretores e professores?
Quantos se dispõem ao menos a se inteirar dos dramas daqueles que cuidam mais tempo de seus filhos, para saberem de seus dramas?
E o que dizer dos poderes constituídos?
Quantas vezes as Câmaras Municipais realizaram eventos de repercussão pública para prestar homenagem aos melhores e mais competentes professores?
Alguém se lembra em Santa Catarina do nome de um professor estadual exemplar, estudioso, dedicado ao ensino, que tenha recebido a Medalha Anita Garibaldi, a principal condecoração do Estado?
O partidarismo nas entidades classistas também acabou afetando o nível da educação. Ações radicais improdutivas, greves irresponsáveis e manifestações as vezes ilegítimas e contrárias à população fragilizaram a força institucional do magistério.
Na greve atual, a representação retorna com toda força, respaldada pela comunidade, porque o Sinte está com a lei, com ações firmes e serenas, competência na ação política. É um momento único que não pode ser desperdiçado. Poderá produzir novos frutos, melhorando a qualidade do ensino.
As escolas tem gravíssimos problemas de gestão.
Por isso, falta quase tudo. É o reino da burocracia e do centralismo.
Não tem autonomia financeira para nada.
Estão subordinadas a dirigentes vinculados a interesses partidários.
A partidarização da estrutura educacional catarinense é um tumor que se transformou em ruinosa metástase a corroer a estrutura educacional.
Por que, afinal, a educação estadual tem que ser comandada por partidários e não por um técnico ou um educador, como, aliás, prometeu Raimundo Colombo durante a campanha? Por que os deputados e os dirigentes brigam tanto para indicar gerentes educacionais? Por que motivos se engalfinham para nomear até diretores de escolas?
Os professores nunca estiveram tão unidos como agora.
Que a unidade seja respondida com vitórias, o retorno à sala de aula e uma permanente ação para mudar este terrível cenário.
A educação precisa de uma profunda reforma e de muita oxigenação.
Educaçao de SC vai mal
5 de junho de 2011
A educação pública estadual catarinense vai mal.
Não apenas pelos dramáticos depoimentos dos professores, em função dos baixos salários.
Também pela falta de gestão pública, da ausência de instalações adequadas, da desmotivação dos educadores, da inexistência de políticas públicas.
Santa Catarina espera que a próxima semana seja marcada pelo fim das negociações entre governo e magistério, o término da greve e o retorno às aulas.
O ensino estadual de Santa Catarina está doente.
No passado, a escola era o templo do aprendizado, da disciplina, do respeito, da busca de novos conhecimentos, do aperfeiçoamento nas relações humanas, da atualização constante, instrumentada por ferramentas e tecnologias.
Se isto ocorre hoje em muitas escolas particulares, deixou de existir nas escolas estaduais.
Quem viaja pelo interior testemunha a distância entre o nível de ensino, o espaço físico, o capricho e o padrão pedagógico das escolas municipais, incomparavelmente melhores do que as estaduais.
A greve produziu pela primeira vez um debate amplo, rico e revelador sobre as condições em que professores tentam exercer dignamente sua vocação.
Homens e mulheres que sonharam em alfabetizar, educar e transformar crianças e jovens em cidadãos, sofrendo na escola com a violência e a indisciplina das novas gerações e tendo em casa o infortúnio e o desespero de não poder dar o mínimo conforto à família.
Lamentável é constatar que a culpa está nos governos, sim, que não executaram uma política participativa na educação, que tiraram proveito político-eleitoral da estrutura existente e que se omitiram diante de verdadeiras calamidades.
COMENTÁRIOS
Patrícia diz:
5 de junho de 2011 às 11:21 am
É verdade, pouquíssimos pais vêm às reuniões na escola, poucos vêm quando são chamados quando há problemas de comportamento; aprendizagem de seus filhos, alguns nem gostam que a escola entre em contato, sentem-se incomodados, colocam nas escolas a responsabilidade da educação total de seus filhos: professor tem que ser assistente social, professor, tio, psicólogo, pai, mãe, etc. Crianças e adolescentes sem educação, sem afeto, sem orientação de pai e mãe, bem estressados se amontoam nas escolas e, os pais, a sociedade, o governo acham que o professor tem que dar conta de tudo e de todos os problemas sociais numa sala de aula. Pais não gostam da greve e nem tentam entender a situação do magistério pois veem na escola um depósito, um local para deixar os filhos enquanto trabalham, omitindo-se da educação básica em casa: valores morais, ética, respeito, etc. Qual a função da escola: formação de mão-de-obra barata, reprodução da sociedade, produção de alunos alienados, sem consciência, fáceis de serem manipulados, seduzidos por promessas de campanha política, visando seu voto. Toda esta greve serviu para acordar esta classe entorpecida pelo descaso, desanimo, desvalorização, marasmo da rotina, salário corroído, depressão, escolas nas mãos de facções partidárias, onde cada um puxa para o seu lado e quem sai perdendo no final, é a educação. Que ela possa ser resgatada no seu mais profundo significado, que com esta a greve, onde problemas viscerais vieram a tona, possa a sociedade fazer uma reflexão e dar um basta neste sucateamento educacional, em todos os sentidos. Que haja aplicação do piso na carreira, e todos os direitos outrora alcançados sejam mantidos, que haja eleição de diretores nas escolas, que sejam respeitados os limites físicos e emocionais dos professores, que cursos de atualização e formação sejam criados, para que o professor recicle seus conhecimentos, contribuindo para aulas criativas e proveitosas para os alunos, que alunos sejam ouvidos e se tornem sujeitos de sua aprendizagem, pois o objeto principal da educação é a formação de pessoas críticas, independentes, educadas, com conhecimento historicamente construído e que sejam agentes de transformação nesta sociedade competitiva, individualista, tornado-a mais ecológica e solidária.
Sou assistente técnica-pedagógica 40h, em greve desde 18 de maio. Tenho graduação, pós-graduação, vários cursos de formação em outras áreas, mas ganho menos que o professor 40h e meu prêmio educar também é menor. Espero que as coisas melhorem para todos e que um novo patamar seja alcançado nesta greve. Obrigada Moacir.
Moacir Pereira diz:
5 de junho de 2011 às 6:00 pm
Carissima Professora Margaret:
Gratissimo pelas manifestações. Estou sensibilizado com as mensagems generosas dos professores de Santa Catarina. Tenho dito que cumpro meu dever. Esta greve histórica – espero -deverá ter ganhos muito maiores do que os salariais. Tomamos conhecimento de gravissimos problemas dos professores e das escolas. Muitos vão continuar. Com a Internet tudo mudou. A senhora e todos os seus colegas tem um poder extraordinário para mostrar os desvios da educação, os problemas,até para alertar as autoridades. Eu apreciaria demais que o governador Colombo e o Secretário Tebaldi lessem todos os comentários que os professores, alunos, servidores e catarinenses em geral publicaram neste blog. Estou perplexo com o que li nestas últimas semanas. A greve vai terminar- e torço que seja logo – mas a bandeira da educação precisa continuar hasteada na ponta do mastro. Não esfarrapada, de luto e no meio, como atualmente. Se voces souberem usar os espaços na mídia, denunciar falcaturas,apontar irregularidades, valendo-se da Internet, a situação vai melhorar muito. Este blog se sentirá orgulhoso e honrado de poder dar sua contribuiçao à melhoria do ensino catarinense. Felicidades e, outra vez obrigado pelo carinho.
Marcia diz:
5 de junho de 2011 às 10:42 am
AMIGO MOACIR,
Concordo em gênero, número e grau com seu comentário e tomo a liberdade de acrescentar que em nossas conversas entre uma assembleia e outra reconhecemos na face do outro professor que esteve por anos ao nosso lado um companheiro, um amigo, alguem que sofre a mesma dor que sofremos.
Em nossas conversas de bastidores reconhecemos nossa omissão na questão politica, de como fomos omissos em não comentar a realidade nua e crua em nossas salas de aula por medo da repressão, principalmente os ACTs que as vezes ficam a merce de apadrinhamento politico com inscriçôes indeferidas por motivos inexplicáveis. As gerencias regionais que deveriam resolver nossos problemas de gestao só sabem nos dizer que a culpa é do SISTEMA… “Esse sistema dos dez dedos” e do “QI ( Quem Indica )” deve acabar. Concordamos por medo, covardia em aceitar uma explicação de que que um alunos não pode ser mudado de turno ou um professor não pode alterar sua carga horária por que o sistema não aceita, como se a tecnologia controlasse o homem e não o contrário.
Apesar da angustia e da espera e da ameaça velada que nos foi repassada na sexta feira de que teremos os dias de greve descontados e folha zerada em junho, vejo com bons olhos esse momento da educação. Finalmente estamos unidos, tiramos a venda dos olhos e nos bastidores também estamos dando uma largada para as eleições de 2012 a unica diferença é que a nossa é silenciosa é no corpo a corpo.
Outra contribuição, por que a população permanece ao nosso lado enquanto o governo mostra números astronomicos da educação, nós professores fazemos como Amanda Gurgel, mostramos nosso contra cheque, nosso carro usado, nossa casa precisando de reforma, nosso sapato de sola gasta, mostramos nossa cara e ainda conversamos com nossos vizinhos, amigos em todos os lugares, nas igrejas, nas lojas, nos supermercados. e de todos só recebemos um apelo. NÃO VOLTEM, PERMANEÇAM FIRMES ATÉ QUE VOCES CONQUISTEM O QUE É DE VOCES! maior estimulo pra lutar impossivel. Um abraço Moacir. A cada comentário postado e lido em sua coluna nossos alunos enchem nossas caixas de correio eletrônico com mensagens de apoio. Marcia Duarte- Monte Carlo
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